domingo, 5 de maio de 2013

Post retrocedente ao show do Objeto Amarelo em Goiânia.


Já foi, já foi. 
 
No dia 16 de março, sábado próximo, acontece mais uma edição - a segunda, de dois finais de semana consecutivos - do projeto No Tapete.  Idealizado pelo homem-bom Bruno Abdala e mais uma vez sob a custódia espacial do Estúdio Ilha, a festa já é um marco pro pouco difundido experimentalismo musical na minha-sua-nossa Goiânia. Do ano passado pra cá já tivemos o privilégio de ver expoentes como as trincas MarginalS e M. Takara 3,  além dos solos Guilherme Granado, M. Takara e Zomes; nesta próxima, teremos Carlos Issa e seu Objeto Amarelo, e é sobre isso que eu quero falar.
Tive meu primeiro contato com o Objeto no Goiânia Noise de 2006, ainda com uns 15 ou 16 anos. Tava engatinhando os primeiros passos com o hardcore/punk, oscilando entre a então no “auge” Mukeka di Rato, e ansioso pela primeira experiência ao vivo com o Ratos de Porão. Com uma programação variada e sob o módico preço de 5 reais, o Noise daquele ano abriu as portas do Jóquei e me deu de presente tanto a velocidade e peso que procurava, quanto o minimalismo e abstrato sonoro que eu mal sabia existir: num dado momento da noite, muito por acaso, entrei no espaço interno e destinado pras bandas “menores” e deparei com aquele caos sonoro fundido à projeção de imagens desconexas ao fundo. Era tudo meio embaçado  com um sujeito agachado mexendo em trambolhos e relativamente pouca gente vendo. Fiquei meio bobo, encostado na grade tentando traduzir a informação, mas os direcionamentos da cabeça não me permitiram compreender a dinâmica; saí dali poucos minutos depois, resmungando qualquer coisa.
De lá pra cá foram 7 anos, e é incrível  como nossas percepções mudam, evoluem, ou simplesmente passam a compreender as coisas por elas mesmas. Chego à conclusão que não é necessário traduzir ou procurar sentido demais em algo como o Objeto Amarelo, erro cometido por mim naquela noite; nada mais é (e não que isso seja pouco) que uma manifestação do exercício do fazer, personificação de ideias que surgem e pedem passagem. Despretensioso que seja, existe uma magia surreal por trás disso, verificada em nada mais que alguém se sujeitando a experimentar mil e uma possibilidades com seus apetrechos. O produto da dedicação sincera encanta.
Aprendi com o tempo que pra esse tipo de show o rumo é tomar um foco qualquer como alvo, e descarregar a cabeça numa eterna celebração ao nada, deixando o espírito se elevar pelo ruído ao invés de se perguntar o porquê ou buscar estrutura onde não tem. É uma experiência e tanto, desde que, claro, você queira que seja.


brrrrrgggghllllll